"É caro ser pobre"
A gente descobre que definitivamente não é normal quando acorda às 4h (porque foi dormir às 22h - ?!?!) e passa uma hora assistindo a um vídeo sobre o lançamento de um livro sobre transferência de dinheiro do exterior pelos imigrantes. Taí um termo que é bem mais bonitinho em inglês: remittances. Comecei a gostar desse assunto assim de repente. Depois de uma aula sobre migração. "Remittances: a tool for reducing poverty" é um dos best sellers do Banco Mundial atualmente.
Na palestra, um dos editores, Samuel Munzele Maimbo, conta en passant o interessantíssimo caso da Somália, onde, sob profundo caos político, o dinheiro enviado pelos que deixaram o país fez com que ele ficasse em melhores condições do que quando era administrado por um governo "decente". Deixando claro aqui que esse foi um livro publicado pelo World Bank e que essa história pode - e deve - ter um outro lado.
A parte mais emocionante do vídeo (meu Deus, olha o que eu estou falando!!) é quando o próprio Munzele Maimbo conta que teve seus estudos pagos com o dinheiro que seu irmão mandava do Reino Unido, onde trabalhava no campo durante os intervalos da universidade. Anos mais tarde, o futuro economista do Banco Mundial fez o mesmo, enviando dinheiro de Manchester para o seu irmão mais novo, que pouco mais tarde financiou os estudos da caçula com o dinheiro que ganhava trabalhando numa boate em Londres. Sério, fiquei emocionada.
No fim do evento, Donald F. Terry, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), lembra a todos que só se dá importância pra remittances agora porque é um setor que movimenta "bilhões e bilhões e bilhões de dólares". Ninguém é bonzinho não. Terry lembra que sabe-se muito sobre foreign direct investment etc etc mas pouquíssimo sobre o dinheiro que sai de um país e vai para outro enviado de civil para civil, principalmente extra-oficialmente. "É caro ser pobre", diz ele, explicando que custa muito para quem não tem "um pedaço de plástico" mandar dinheiro de um país para outro. Terry destaca a experiência da Guatemala, cujo sistema bancário vem aumentando absurdamente por causa das transferências de dinheiro e se adaptando a ele.
Achei isso tudo numa supresa agradável no meio dessa madrugada: o primeiro blog desenvolvido pelo Banco Mundial, lançado recentemente. Private Sector Development Blog, "a market approach to development thinking", conta muito bem um dos lados dessa história toda de desenvolvimento.
Hoje os jornais falam da nova versão sobre a morte do Jean Charles. Citando o "Daily Mail", o Globo conta que o brasileiro morto em Stockwell "teria usado um bilhete eletrônico para passar pela roleta e, pelo menos inicialmente, teria caminhado até a plataforma. Além disso, ele não estaria usando uma jaqueta de inverno e os policiais não teriam se identificado de maneira apropriada ao abordá-lo".
Essa semana um amigo inglês veio me contar que, voltando do trabalho, num double-decker (os ônibus de dois andares), viu um cara com uma camisa que dizia: "Por favor não atire. Não sou brasileiro".
Sobre o drama do nosso lado do Atlântico, o Xéxeo fala que "deu pra chorar assistindo o Jornal Nacional". Pois eu consegui acessar o discurso do Lula pelo Globo Midia Center e assisti fazendo a mesma coisa... Há um tempão não ouvia a voz do Lula. Ele está bem mais murchinho... Não é pra menos...
Da Jamaica, pelo menos, boas notícias... :-)
E viva o ombusman da Folha! Sobre o caso Escola Base: "Esse é um caso tão emblemático que me pergunto por que as empresas condenadas ainda insistem nos recursos". Ele inclui aí o próprio jornal.
Na palestra, um dos editores, Samuel Munzele Maimbo, conta en passant o interessantíssimo caso da Somália, onde, sob profundo caos político, o dinheiro enviado pelos que deixaram o país fez com que ele ficasse em melhores condições do que quando era administrado por um governo "decente". Deixando claro aqui que esse foi um livro publicado pelo World Bank e que essa história pode - e deve - ter um outro lado.
A parte mais emocionante do vídeo (meu Deus, olha o que eu estou falando!!) é quando o próprio Munzele Maimbo conta que teve seus estudos pagos com o dinheiro que seu irmão mandava do Reino Unido, onde trabalhava no campo durante os intervalos da universidade. Anos mais tarde, o futuro economista do Banco Mundial fez o mesmo, enviando dinheiro de Manchester para o seu irmão mais novo, que pouco mais tarde financiou os estudos da caçula com o dinheiro que ganhava trabalhando numa boate em Londres. Sério, fiquei emocionada.
No fim do evento, Donald F. Terry, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), lembra a todos que só se dá importância pra remittances agora porque é um setor que movimenta "bilhões e bilhões e bilhões de dólares". Ninguém é bonzinho não. Terry lembra que sabe-se muito sobre foreign direct investment etc etc mas pouquíssimo sobre o dinheiro que sai de um país e vai para outro enviado de civil para civil, principalmente extra-oficialmente. "É caro ser pobre", diz ele, explicando que custa muito para quem não tem "um pedaço de plástico" mandar dinheiro de um país para outro. Terry destaca a experiência da Guatemala, cujo sistema bancário vem aumentando absurdamente por causa das transferências de dinheiro e se adaptando a ele.
Achei isso tudo numa supresa agradável no meio dessa madrugada: o primeiro blog desenvolvido pelo Banco Mundial, lançado recentemente. Private Sector Development Blog, "a market approach to development thinking", conta muito bem um dos lados dessa história toda de desenvolvimento.
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Hoje os jornais falam da nova versão sobre a morte do Jean Charles. Citando o "Daily Mail", o Globo conta que o brasileiro morto em Stockwell "teria usado um bilhete eletrônico para passar pela roleta e, pelo menos inicialmente, teria caminhado até a plataforma. Além disso, ele não estaria usando uma jaqueta de inverno e os policiais não teriam se identificado de maneira apropriada ao abordá-lo".
Essa semana um amigo inglês veio me contar que, voltando do trabalho, num double-decker (os ônibus de dois andares), viu um cara com uma camisa que dizia: "Por favor não atire. Não sou brasileiro".
Sobre o drama do nosso lado do Atlântico, o Xéxeo fala que "deu pra chorar assistindo o Jornal Nacional". Pois eu consegui acessar o discurso do Lula pelo Globo Midia Center e assisti fazendo a mesma coisa... Há um tempão não ouvia a voz do Lula. Ele está bem mais murchinho... Não é pra menos...
Da Jamaica, pelo menos, boas notícias... :-)
E viva o ombusman da Folha! Sobre o caso Escola Base: "Esse é um caso tão emblemático que me pergunto por que as empresas condenadas ainda insistem nos recursos". Ele inclui aí o próprio jornal.
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